quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Quando uma bolinha de papel dá ensejo a um papelão

 

bolinha-de-papel

 

Nesse episódio todo da tal bolinha de papel, é quase impossível que algo seja mais patético do que o Serra ou, pior, o cara que ligou pro Serra e deu a ideia de transformar uma bolinha de papel no factoide sobre "violência Petista".

Acompanhei a coisa desde a formação. Pela TV, mas acompanhei. Tava vendo a palhaçada. Serra em passeada, cercado de malucos truculentos e de fanáticos religiosos, como sempre, cruza com um punhado de militantes do PT, começa aquela confrontação típica de quando uma campanha desce ao nível que essa desceu... a tucanada junta com os fundamentalistas de todas as estirpes começa aquele papo de "terrorista", "assassina" e coisa parecida que tem sido o repertório de "arjumentação" deles nessa campanha.

Obviamente, quando se cria um clima desse tipo, alguns acabam indo pra porrada mesmo. Evitar a violência começa evitando as ofensas verbais. Como a "cruzada" do Serra era mais numerosa, inclusive, entre o pessoal que brigou, o punhado de militantes do PT foi que levou a pior.

No meio da confusão, alguém teve a infeliz ideia de dar uma de malandrão e mandar uma bolinha de papel na cabeça do Serra. Quem tem o cérebro minimamente capaz de raciocinar em termos de mecânica e viu aquela imagem sabe que a massa daquela bolinha, em comparação com a da cabeça do Serra, era irrisória, desprezível, tendendo a zero, por mais oca que seja a cabeça.

Ou seja, era apenas uma bolinha de papel comum, que bateu na careca do candidato e quicou sem provocar qualquer leve deslocamento da cabeça durante o “impacto” e, ainda, sem fazer com que ele manifestasse, no momento, qualquer expressão facial de dor. A tal bolinha veio, quicou, e nada!

Jogar uma bolinha de papel não é uma agressão física, é um desrespeito moral, é uma forma infantil de demonstrar repúdio, muito praticada pela molecada em idade colegial. 

Depois do “atentado”, Serra continua caminhando e recebe um telefonema. Esse provavelmente realizado pelo mentor da estratégia. Deve ter falado pra ele dar uma de Rivaldo e “cavar uma falta” pra criar um gigantesco factoide sobre a “violência petista”. Serra desliga o telefone e leva a mão a cabeça… opa… mas a mão não tá onde a bolinha pegou. Ele ficou passando a mão no outro lado da careca! Começa a passar mal e vai a uma emergência.

No hospital, deve ter feito uma tomografia para apenas constatar que ele “não tem nada na cabeça”, mas isso todos nós já sabíamos.

Além do papel ridículo representado pelo candidato, uma coisa também fedeu bastante no episódio. Quem acompanhou por vários veículos viu a diferença nas coberturas.

As outras emissoras mostraram o confrontamento de forma mais abrangente, mostrando como a coisa se desenvolveu, enquanto, no JN da Globo, o vexaminoso “Casal 45”, com cara de consternação, mostra um vídeo completamente editado para destacar “a violência dos petistas”. Mais adiante, só faltaram chorar abraçados com muita pena do Serra, tamanha aquela agressão… “alguém jogou um piano de calda na careca dele, meu Deus!”. 

Não podia faltar o Índio no vexame. “Índio quer cachimbo, Índio quer fazer fumaça”, como diria o Gabriel Pensador. Índio afirmou que estava ao lado do Serra quando ele foi atingido por uma coisa que devia ter uns dois quilos e parecia um meteoro! Alguém dá um chazinho de camomila pra esse Índio, caramba. Sujeito descontrolado. 

Episódios de violência são inevitáveis quando uma discussão política desce ao nível que essa desceu, quando o tucano fez todos os esforços para inflamar ódio baseado em religião e para tentar imprimir, na cabeça das pessoas, um repúdio ao adversário que tira dele praticamente a condição de humano.

O que a “cruzada tucana” tem promovido é isso. Tem gente se matando a bala por aí devido à irresponsabilidade de quem puxou a discussão política pra esse patamar de vulgarização. Mas isso não ganha destaque. O fato relevante é uma bolinha de papel numa careca. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário