quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A marcha da família caretona online



Acho engraçada a grande massa tucanófila online repassando isso aqui como se fosse A BOMBA que vai fazer o Serra virar o jogo. O que não entra na cabeça desse povo é que nem todo mundo lê "guerrilheiro" como algo necessariamente negativo. Pasmem, vocês, boa parte dessas matérias não tem NADA de contrário à candidata Dilma. Isso é algo que surge apenas na leitura pobre de quem tem uma visão de mundo tacanha.

Essa matéria em questão, por exemplo, é inteiramente elogiosa e até entusiasmada com a chegada ao poder de uma mulher que combateu frontalmente uma ditadura militar, tendo sido torturada. Vocês não sabem ler, ou ficam repassando as coisas sem ler?

Uma guerrilha que se ergue contra uma ditadura militar é um movimento, via de regra, legítimo e até bem visto pela opinião pública internacional, por mais que essa inevitável constatação seja tão amarga para alguns, principalmente para parte da elite brasileira que tem uma visão distorcida do passado e põe o seu elitismo acima, até mesmo, do repúdio devido a uma ditadura que manchou por anos a história do país.

 É uma questão de visão de mundo. Eu não sou entusiasta de nada nessas atuais eleições. Estou nela totalmente como "observador isento". Cogito realmente anular tudo dia 3, mas uma coisa que me tem chamado atenção é o espernear incansável da tucanada e a falta de capacidade de se comunicar politicamente.

Sei lá quanto tempo faz que estão batendo nessa tecla "olha, a guerrilheira! assaltou banco, movimento armado, bla bla bla" e o povo não tá dando a menor bola pra isso. Estão tentando trazer a tona o "medo dos conspiradores comunistas" como faziam nos anos 60, estão até tentando mexer com dogmas religiosos, querendo por em pauta um possível apoio à legalização do aborto por parte da Dilma ou da Marina. Talvez patê de embriões seja a nova iguaria dos comunas comedores de criancinhas!

A verdade é que ninguém tá dando a mínima para isso. Na verdade a campanha tucana, agora, em pleno 2010, tá parecendo a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. A diferença é que, naquele tempo, os milicos mobilizavam vovós carolas, coitadas. Usavam a religiosidade das velhinhas para fazer esse joguinho cretino. Agora, em 2010, jovens “estudados” tentam fazer política usando o mesmo discurso. É a tragédia se repetindo como farsa, da forma mais clara.

É por essas e outras que a política em geral se torna algo tão desinteressante. De um lado a safadeza generalizada do carreirismo, do fisiologismo, por parte dos políticos profissionais. Do outro a total incapacidade de articulação de qualquer setor da sociedade. Uns hipnotizados pelo paternalismo da “nova esquerda”, outros pela própria caretice e conservadorismo requentado da velha direita.

E eu fico na janela vendo a banda passar tocando essa porcaria mais intragável do que um “rebolation” ou algo que o valha. Vez por outra a irritação transborda. Minha vontade é de realmente anular geral dia 3, mas talvez até lá essa tucanada de internet já tenha me convencido a ir votar no PT cantarolando Cazuza. “Vamos pedir piedade, senhor piedade, pra essa gente careta e covarde...”. É bom que essa palhaçada se encerra logo no primeiro turno. 
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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O paradoxo Marina

Um partido que tem na agenda discutir a liberação da maconha
 lança uma crente candidata à presidência. 

Não sei como se cogita eleger à presidência uma mulher que teria o "rabo preso" com dogmatismos religiosos praticamente medievais ao lidar com qualquer problema dos dias atuais. De que maneira, uma Marina, como liderança política, vai enfrentar questões como preconceitos contra minorias, sejam homossexuais ou pertencentes a religiões originárias da África, vindo de onde ela vem, comprometida com o pensamento neopentecostal? 

Outra questão interessante é que o PV, pelo menos no papel, é um partido comprometido com algumas idéias que se chocam frontalmente com uma visão de mundo turvada por certos dogmas religiosos, digamos assim. Temas como a descriminalização do aborto e da maconha estão na agenda  do partido, assim como o combate ao preconceito contra homossexuais e outras minorias. Crente nenhum, nem mesmo Marina Silva, poderia enfrentar tais temas mantendo os compromissos do partido e ao mesmo tempo seguindo o que seu grupo religioso pensa sobre tais assuntos. 

Esse paradoxo já vez o "empreendedor metafísico" Silas Malafaia (aquele que ensina a calcular quanto você deve mensalmente "a deus", em dinheiro) abandonar a tal "onda verde". É esse paradoxo que tende a, quando explicitado, esvaziar todo o apoio político da candidata. Os neopentescotais abandonando quando descobrem que ela não pode se comprometer de forma tão ferrenha com o atraso, como eles gostariam, e os "universitários cool", engajados, quando descobrem que ela também não pode se comprometer com a agenda progressista que a coligação alega portar. 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

"Lula, o filho do Brasil" vai nos representar no Oscar

Tudo bem, eu também acho uma droga a simples idéia de realizar tal filme. O mundo não precisa de um "Dois filhos de Francisco presidencial" e o Brasil não precisa de uma versão puxa-saco do cinema soviético.

Mas, diante dessa droga toda, sempre vale a pena tirar um sarro do Serra, porque se um filme do Lula eu nem vi e nem gostei, um filme do Serra, cruz-credo! Ops. Não pode falar em cruz que assusta vampiro!


Imagem tirada de: http://revistaalfa.abril.com.br/blogs/microcontoscos/2010/09/23/escolhido-a-dedo/

The Story behind the Jolly Boys

Fiquei fã desses velhinhos aí.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Inusitado

Já tentou imaginar como é o dia de um desses caras que trabalham atrás desses balcões, com uma barreira de vidro entre ele e as pessoas por ele atendidas, num lugar por onde todo mundo passa apressado? Acho que essas estão entre as pessoas mais “coisificadas” nas relações de trabalho. É comum você vir distraído contanto dinheiro, chegar ao balcão com o dinheiro certo, fazer aquela transação qualquer, às vezes sem dar uma palavra, e passar.

O que me vez atentar pra isso, agora há pouco, foi um sujeito espirituoso pra caramba que atende num desses guichês onde se paga pelo estacionamento do shopping. Ali é que deve ser comum mesmo todo mundo passar batido, sem falar nem um “oi” pro cara, porque o preço nem varia, então não tem nada que te obrigue a dirigir qualquer palavra a ele. Eu, como sou mesmo distraído, cheguei ali catando umas moedas, já olhando lá pra fora, quando o sujeito começou a falar com uma voz estranha.

Demorei um pouco pra me tocar do que acontecia, até que percebi que ele imitava a voz da mulher da máquina que solta aquele bilhete do estacionamento na entrada. Aí comecei a rir, falei com o cara, e ele no final ainda soltou “O Iguatemi agradece a sua visita”, com a mesma voz daquela gravação irritante da cancela.

Não sei, talvez o objetivo do sujeito nem fosse me passar esse recado, de não tratar as pessoas atrás dos tais balcões como se elas fossem máquinas, mas interpretei assim, achei genial, e vou tentar falar pelo menos um “oi” pra essa gente maquinizada de agora em diante. Fiquei mesmo tão sensibilizado que se você, de algum grande grupo financeiro internacional, quiser aderir a essa causa, manda uma grana que a gente funda uma ONG pra tratar da autoestima dessas pessoas. Eu já passo e deixo um presente praquele gente boa lá.

Rehab - The Jolly Boys (Jamaica)

Essa eu tive que blogar! Peguei até um album desses velhinhos batutas! :)

O anti-lulismo como freak show

A verdade é que, no país inteiro, basta fingir que "está com Lula" para garantir sucesso eleitoral. Essa folga da qual goza o governo em qualquer disputa se deve a inúmeros fatores, inclusive, SIM, ao recurso sistemático a práticas populistas e ao fato de o principal opositor em campanha ser o Serra, um indivíduo que é implacável adversário de si mesmo.

Mas, indo além, não é difícil constatar que não há, no cenário político atual, um ambiente onde se possa exercitar crítica inteligente ao atual governo, justamente porque política não se faz sozinho e não há alternativas quando se trata de pensar coletivamente essa crítica. Você vai se unir a quem, a esses sociopatas que giram em torno dos clubinhos militares chorando saudades da ditadura? Ou a um partido de esquerda "nanico" qualquer, com opções de anacronismos marxistas de todos os sabores?

Eu prefiro ficar aqui e ver o circo pegar fogo. Se "luta de classes" é isso aí, eu quero é que se danem os dois lados. Eu fico postando bobagens aqui usando o celular. Por falar nisso, postagem de celular não dá muita liberdade de edição, então quem quiser ver o que motivou esse meu "desabafo", clique no link logo abaixo.

Mídia e militares: saudades de 1964? via #FeedSquares
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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Novo album do Radiohead está pronto

Li nesse link da Rolling Stone. Já deve estar metendo medo no que resta da moribunda indústria fonográfica. Será que vão lançar o album novamente naquele esquema de você pagar o valor que achar que deve?

Novas - Radiohead já terminou de gravar músicas para novo álbum via #FeedSquares
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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Richard Dawkins sobre a visita do Papa.

Não julgo que valha muito a pena investir esforço em militância ateísta, "proselitismo ateu" ou qualquer coisa do tipo, mas quando o Sr. Bento XVI abriu a boca para "linkar" qualquer não-crente, qualquer um que, literalmente, não "reze pela sua cartilha", ao nazismo, eu realmente achei que tal insulto merecia uma boa resposta. Até pensei em escrever algo sobre, mas antes achei esse vídeo do Dawkins que já diz tudo o que penso.

A resposta é certeira, tanto pela habilidade do Dawkins quanto pela própria debilidade do "adversário".

Guru indiano volta pra casa

Dez mil dólares por dia pra um sujeito criar um slogan que mais parece coisa de time de quermece e encher o saco até mesmo de aliados com spam.

Guru indiano contratado a peso de ouro deixa a campanha de Serra via #FeedSquares
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sábado, 11 de setembro de 2010

Como você sente a linguagem?

Memes, gírias, palavrões, apelidos, irritação e antipatia.
O título ficou meio boiola, mas não veio outro.



Por esses dias retomei uma reflexão que sempre fiz, mas dessa vez resolvi organizá-la num texto, mesmo que não muito pretensioso, tendo em vista que é para uma postagem de blog.

É evidente que ingredientes fundamentais da convivência, fatores decisivos dos sentimentos de empatia entre as pessoas, ficam situados exatamente na linguagem, no uso corriqueiro de determinadas expressões, na comunicação informal cotidiana. No primeiro contato com uma pessoa ou com um grupo, as impressões que vão determinar empatia advêm, fundamentalmente, da linguagem.

Os exemplos são tão abundantes que não é possível explorá-los aqui, pois o texto iria fugir muito do formato blog. Profissões, esportes, tudo isso faz surgir grupos com linguagens peculiares que, pelo menos no meu caso, ao atingir o ouvido ganham uma importância tremenda quando se trata de simpatizar ou antipatizar pessoas. Não suporto advogados chamando uns aos outros de “nobres”, por exemplo. Irritam-me gírias de surfistas e de quaisquer tribos urbanas, e por aí vai...

O problema da gíria não é a gíria em si, e sim o uso exagerado dela e a maneira como ela prega na pessoa um estereótipo. Tem gente que faz de si um imã de estereótipos. Se começar a praticar um esporte, em uma semana convivendo ali, já sai de lá falando quase que exclusivamente através das gírias que absorveu por lá.

Outro problema do uso “aloprado” de gírias é a idade. Consigo tranquilamente conversar com um adolescente que faz uso até exagerado delas, mas o sujeito já grisalho usando linguagem de tribinhos urbanas? Isso é irritante a um ponto que eu simplesmente não consigo conviver, fujo mesmo.

Outra coisa interessante é o caso dos “memes” linguísticos, que se espalham, como consta na própria definição de meme, de maneira idêntica a um vírus de computador. Algumas pessoas são infectadas por essas coisas e, rapidamente, muita gente ao redor se infecta e sai infectando os demais. É o caso dos “com certeza”, dos “fala sério”, infecções já em declínio, novas expressões usadas por personagens idiotas de novela e coisas do tipo.

Falando em “tipo”, um meme linguístico muito peculiar é esse uso descontrolado do “tipo”, que passa a preencher todos os espaços entre uma palavra e outra. Geralmente afeta adolescentes, mas nada impede que possa infectar um adulto com imunodeficiência intelectual. Um dia desses ouvi uma menina falar e ela intercalava tantos “tipo” entre as outras palavras que eu simplesmente não conseguia saber o que ela estava dizendo, porque só conseguia, cada vez mais irritado, prestar atenção naquele desgraçado meme.

O que distingue a gíria de um meme linguístico é que a gíria, mesmo que de maneira um tanto idiota, comunica alguma coisa. Esses memes linguísticos têm por característica simplesmente serem vazios de qualquer significado. Quando você está falando e alguém intercala sua fala com “fala sério”, aquela pessoa não está pedindo para que você trate o assunto com mais seriedade. Ela está apenas preenchendo com uma coisa irritante e idiota os intervalos da sua fala.

Aqui em Fortaleza, por exemplo, há um desses memes que acredito ser oriundo de alguma banda de forró ou de algum personagem humorístico tosco. As pessoas iniciam quase todas as frases com “PENSE!”. Eu me irrito, mas se eu quiser antipatizar pessoas infectadas com esse maldito meme, vou ter que mudar de cidade, talvez até de estado, sei lá até onde se alastrou essa infecção desgraçada.

Enfim, esses memes se alastram, eles não comunicam NADA, e eles empobrecem terrivelmente a linguagem, porque, com o tempo, além de apenas preencher vazios, passam a substituir termos que deveriam efetivamente comunicar algo. Você comenta alguma coisa com a pessoa e ela responde simplesmente com “PENSE!”. A resposta mais acertada seria “pensar eu estou pensando, quem não está é você, porra!”. Aí o palavrão fica bem empregado, porque ele cumpre sua função de expressar profunda irritação.

Quando quero expressar indignação, o que não é muito raro, uso até mais palavrões do que gostaria. É algo em que preciso mesmo melhorar, mas, por outro lado, não é um problema tão grande quanto um outro uso, ALTAMENTE IRRITANTE, que é feito de palavrões. Aquele uso banalizado, onde as pessoas se cumprimentam xingando. Encontra um amigo na rua e solta “E aí, SEU VIADO, como é que vai?” e o outro “Tudo bom, FILHO DA PUTA, quanto tempo! Prazer revê-lo!”. Esse é um problema muito alastrado, que afeta muita gente, e um problema maior ainda para mim, porque acho tão insuportável que acabo evitando conviver com essas pessoas.

Outra coisa que tende ao ridículo é apelido entre adultos. Tirando alguns apelidos carinhosos, encurtamenntos do nome, coisas de família, que praticamente substituíram o nome do sujeito ao longo da vida e ele convive bem com isso, quase todo apelido empregado entre pessoas adultas é patético tanto para quem usa quanto para o alvo do uso.

Tem gente que encontra pessoas com que conviveu na escola e, como uma forma carinhosa de relembrar o quão antiga é aquela amizade, resolve empregar qualquer apelido escroto que o sujeito teve no colégio. Apelido é algo para ficar na adolescência, exceto no caso daqueles de família já comentados, ou no caso de você ser um adulto membro de uma gangue, executivo do crime organizado ou qualquer coisa desse tipo.

Acho que o blog voltou aos eixos. Depois de um tempo falando sobre tecnologia, ele volta ao seu objetivo principal que é dar vazão à minha rabugice. Espero que gostem, ou não. Tanto faz. Isso aqui é um exercício, mesmo.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Lee Ritenour & Eric Marienthal - Rio Funk

Mudando de assunto, espetacular essa versão de Rio Funk.


Lee Ritenour - Guitar
Eric Marienthal - SAX
Dwayne Smith - Bass
Art Rodriguez - Drums
Barnaby Finch - Keyboards