quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O paradoxo Marina

Um partido que tem na agenda discutir a liberação da maconha
 lança uma crente candidata à presidência. 

Não sei como se cogita eleger à presidência uma mulher que teria o "rabo preso" com dogmatismos religiosos praticamente medievais ao lidar com qualquer problema dos dias atuais. De que maneira, uma Marina, como liderança política, vai enfrentar questões como preconceitos contra minorias, sejam homossexuais ou pertencentes a religiões originárias da África, vindo de onde ela vem, comprometida com o pensamento neopentecostal? 

Outra questão interessante é que o PV, pelo menos no papel, é um partido comprometido com algumas idéias que se chocam frontalmente com uma visão de mundo turvada por certos dogmas religiosos, digamos assim. Temas como a descriminalização do aborto e da maconha estão na agenda  do partido, assim como o combate ao preconceito contra homossexuais e outras minorias. Crente nenhum, nem mesmo Marina Silva, poderia enfrentar tais temas mantendo os compromissos do partido e ao mesmo tempo seguindo o que seu grupo religioso pensa sobre tais assuntos. 

Esse paradoxo já vez o "empreendedor metafísico" Silas Malafaia (aquele que ensina a calcular quanto você deve mensalmente "a deus", em dinheiro) abandonar a tal "onda verde". É esse paradoxo que tende a, quando explicitado, esvaziar todo o apoio político da candidata. Os neopentescotais abandonando quando descobrem que ela não pode se comprometer de forma tão ferrenha com o atraso, como eles gostariam, e os "universitários cool", engajados, quando descobrem que ela também não pode se comprometer com a agenda progressista que a coligação alega portar. 

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