A escassez de intelectuais de verdade na direita tem se tornado pra lá de vexatória. Na falta de quadros efetivamente capacitados para pensar sobre os paradigmas do liberalismo (ou sobre a falta deles), alguns setores da direita têm convocado aqueles seus “sobrinhos” para cumprir esse papel. O garoto se forma em qualquer curso de ciências humanas em qualquer faculdade particular por aí e é imediatamente alçado à posição de “pensador”.
A coisa parece funcionar mais ou menos semelhante a quando alguém precisa construir um site na internet e, em vez de pagar um profissional qualificado, acaba encarregando o seu sobrinho, que faz aquela coisa com cara de template de html feito no Word em 1997.
No mundo das ideias políticas, o resultado é ainda mais constrangedor do que no desenvolvimento de sites. Uma trupe de todas as espécies de atordoados está surgindo para apresentar palestras e seminários em eventos organizados em torno do pensamento liberal-burguês, como ocorre no tal “Fórum da Liberdade”.
Um desses sobrinhos liberais, Rodrigo Constantino, tornou-se famoso há algum tempo após publicar na internet um artigo onde propusera a privatização dos tubarões como forma de salvar os ameaçados condrictes da extinção, com base na premissa liberal de que tudo que tem dono é mais bem cuidado e funciona melhor.
Pra quem tem algum contato com os bizarros debates políticos que se travam na internet, Constantino e seus tubarões privatizados já são uma piada velha. Agora, na mais recente edição do “Fórum da Liberdade”, outros "sobrinhos pensadores" têm surgido com novas pérolas, como essa genial proposta de “ seasteading”, a nova utopia do século 21!
Segundo seu defensor, Patri Friedman, as democracias modernas, por privilegiarem aqueles conectados diretamente ao poder, nunca poderão oferecer o patamar de liberdade, de não-intervenção Estatal, que um libertário burguês almeja na sua utopia de radicalização do liberalismo. A saída, portanto, é o desenvolvimento de projetos de “seasteading”, que consistem em plataformas marinhas onde se poderão construir cidades inteiras para abrigar indivíduos totalmente isentos de qualquer intervenção estatal!
Sendo assim, as propostas dos dois “jovens pensadores” guardam fina sintonia entre si, na medida em que, ao mudar-se para um “ seasteading”, seguindo Friedman, o indivíduo, não só fica livre do peso opressor do Estado intervencionista, como poderá viver mais perto de seu rebanho de tubarões privatizados, como prescreve Constantino.
Manda esse monte de pensador para um troço desses ("seasteading") e deixa que afunda sozinho... Se bem que merda boia, né? Mas, com sorte, se matarão uns aos outros ou morrerão de fome. Afinal, de luz, eu garanto que não vivem...
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