segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Moroni Torgan, “voto útil” e você na massa de manobra


moroni torgan
De maneira intrigante, as eleições para prefeito em Fortaleza repetem uma mesma dinâmica há bastante tempo. Do início ao fim, um script que não falha. Moroni Torgan parte na frente, mesmo contando com a mais gigantesca rejeição. É inevitável que as pessoas levem em conta a “ameaça Moroni” ao escolherem seus candidatos, e isso tem sempre o mesmo impacto no resultado das eleições, Moroni despenca após ter “tangido” o voto útil em determinada direção. 

O curioso é que, apesar de o mórmon "valentão" largar sempre com grande vantagem, quem é o verdadeiro eleitor dele? Ninguém sabe, ninguém viu. Ou melhor, eu mesmo vi uma vez um carro com um adesivo dele e um outro da Ação Integralista Brasileira (AIB), mas Fortaleza não é a Alemanha de 1932 pra ter eleitores em massa simpatizando com esse avanço fascista. Isso não existe, assim como não existe no povo empatia pelo sujeito que possa colocá-lo naquela liderança inicial. É o que fica sempre demonstrado ao longo do processo.

O fato é que a presença da “ameaça fascista” no topo das pesquisas por um bom tempo, na fase inicial das campanhas, acaba tendo por efeito fixar no eleitorado a ideia do voto útil. O voto pra tirar o fascistão de lá. E quem é o candidato escolhido para tanto? O mais forte, o que conta com aquela campanha milionária, o que é alavancado pelo repulsivo uso da máquina administrativa para fins eleitoreiros. Qualquer um dos dois que, igualmente, cumprem com esses quesitos. No presente caso: Elmano de Freitas (PT) e Roberto Cláudio (PSB).

Por algum tempo, analisei apenas como curiosa essa manobra de inversão realizada pelo Moroni, de largar na liderança e, invariavelmente, afundar. Hoje a tomo como suspeita. Não desconfio que ele lance candidatura apenas para isso. Desconfio é que os institutos de pesquisa venham usando sua caricata presença de “bicho papão”, forjando sua liderança inicial para evitar grandes variações no resultado das eleições.

Isso porque os investidores das grandes campanhas, as que tiraram o “bicho papão” do segundo turno (onde ele talvez nunca tenha estado) são ou os mesmos, ou igualmente fortes para que possam realizar esse jogo de bastidores. A mamata das empreiteiras com as presumíveis licitações de cartas marcadas, essa desgraça engendrada pelo nosso modelo de financiamento de campanhas, só fica ameaçada se for eleito um “azarão”. Com qualquer um dos candidatos oficiais, o retorno do investimento milionário em campanha fica assegurado.

Ao mesmo tempo, colocar um “bicho papão” com uma rejeição gigantesca como líder inicial das pesquisas é uma maneira muito eficiente de manobrar o “voto útil” para fortalecer os candidatos situacionistas e obstar o sucesso de qualquer candidatura mais modesta, que represente um risco de ruptura com os esquemas em andamento e com a imundice já reforçada pelos volumosos patrocínios de campanha. 

Resta saber por quantas vezes essa mesma cena ainda se repetirá. Quanto tempo levará para que esse jogo seja manjado. Se estiver em Fortaleza em 2016, à altura das eleições municipais, tentarei trazer novamente à tona essa discussão, usando as redes sociais. Talvez com isso eu possa cumprir um papel mais interessante do que o de simplesmente declarar apoio a um candidato. E meu candidato, pode ter certeza, nunca é o “dos esquemas”, nem nunca será. Pra mim, esse agigantamento fascista que nos mostram inicialmente as pesquisas, simplesmente nunca existiu.

2 comentários:

  1. É só não ser de esquerda que vocês fazem correlação com o fascismo. Deveriam ler mais para não cometerem erros primários como esse.

    ResponderExcluir