quinta-feira, 10 de junho de 2010

Pay to play

Já tinha minha desconfiança, por ouvir relatos de alguns músicos, da obscuridade do papel exercido pelo ECAD – e por outras entidades e organizações assemelhadas mundo a fora – nessa arrecadação de “ direitos autorais” em execuções musicais ao vivo. 

A coisa funciona, por mais esquisito que pareça, assim: se um músico está executando num barzinho aqui da esquina uma canção da autoria de um tocador de dombra do Cazaquistão, aparece um carinha do ECAD com um caderno, anota aquilo ali e cobra do dono do estabelecimento um valor de direitos autorais que será remetido ao dombrista (ou seja lá como chama o sujeito que toca isso).

É preciso ser mais que ingênuo, é preciso que você seja o “ über-otário”, para acreditar que o “dombrista” vai ver algum tostão disso, mas o pessoal dos direitos autorais tá lá, aparece em ocasiões aleatórias, mas, se eles aparecerem, a grana tem que rolar.

Cheguei a ver a cena, pois minha namorada é cantora. O sujeito chega, fica por ali, vez por outra ele pergunta ao músico que canção é aquela e de quem é. No caso, o vi questionar sobre uma música do Bob Marley e fiquei ali pensando se eles acham que nós, ao presenciarmos aquela cena, estamos acreditando que alguma coisa daquele dinheiro vai parar nas mãos dos herdeiros do músico.

Bom, por aqui, pelo que parece, os donos dos estabelecimentos ainda não começaram a se sentir tão prejudicados, pelo menos não ao ponto de encerrarem as atividades de música ao vivo, reduzindo o mercado de trabalho dos músicos locais, mas essa postagem foi motivada justamente por essa notícia onde se relata que, mundo a fora, esse tipo de atividade tem se tornado tão truculenta e extorsiva que tem levado os donos dos estabelecimentos a tais medidas.

Só pra postagem não ficar sem alguma ilustração, fiquem com esta senhora tocando dombra:






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